terça-feira

O laço



O laço


De olhos fechados e a estrada ainda em claridade, corriam, a criança e o bebê. A criança desatenta não olhava os carros que encruzavam aquela estrada de campanha. Era pouco o perigo dos carros, mas era fatais as passagens dos caminhões que trambolhavam com suas cargas realmente pesadas. 
Não é que tinha uma certa direção, buscava cobrir o bebê das faíscas de águas que caiam e engrossavam-se com o vento que levava as folhas amareladas de outono. E ali, próprio em frente, tinha um portão. Entrou sem precisão. Não sabia, era incerta, mas era teimosa e entrou. A criança e o bebê. O bebê nada dizia, porque era conduzida da criança, já a criança só corria. Parou um passo para suspirar, suspirou e esvoaçou. 
O dia não era dia, era tremendo! Sabe quando não tem pés no chão? Era assim o portão. Seco, feio, enferrujado, um branco com preto, e fazia um barulho de "rig-rig-rig" que tremia até os pelos dos pés. Tudo vazio, o barulho dos carros, os trambolhões dos caminhões e o cintilante rumor  em seus ouvidos "rig-rig-rig". Que destinação! 
Se corria é porque devia, e se devia teria que pagar. O que roubastes pequena? Roubastes o pão que o diabo tinha amaçado como dizia a mãe. 
Um lago ali não tinha, a terra não era fria, o que eu faço com essa menina? 
Poucos passos um espaço sòlido, uma pedra com medidas improporcionais, era estranha, porque era escura e era clara. Isso! Seria "Clara", pelo menos o bebê morreria com um nome. 
Das faíscas a garoa, da garoa a tempestade, mas sem raios, porque seria um conto muito aterrorizante para uma criança. Os raios sempre assustam as crianças. E ela não queria assustar-se. 
Colocou em cima da pedra o bebê, e não a fez chorar, o pouco leite que saia, era de um egoísmo não considerado egoísmo, um egoísmo, assim, só por dizer, como diziam as tias. 
Um cinza escuro sobre o céu como o ultimo dia de uma borboleta que acaba de receber a sua vida, nasceu um dia e já morreu. Como assim gente? Já morreu? Penso que era borboleta
A criança ainda esta viva e a Clara já morreu? 
Corre depressa, porque a maldição sempre vem, pelo menos é o que sempre andam dizendo por ai. E neste momento, quem é que liga para maldiçoes. Maldição é coisa de cinema. 
Mas, alguma coisa esqueceu sobre o corpo gelado do bebê. Sim! Era um laço. Agachou-se e tirou seus cadarços, não se sabe se era para correr melhor descalça, mas aproveitou e fez um laço nesta pedra, e ali ficou a borboleta, sobre a preda e com o laço. 
E a criança? Ninguém sabe! 


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