sexta-feira

NAM MYO HO RENGE KYO

Outrtora era eu, um papagaio mudo, presa então na redenção de uma única coisa, que me trazia um alívio mmomentâneo Caindo do Inferno e subindo aos céus, em uma transição de sorriso e lágrimas. 
Meu rugido era fraco, sentia uma animalidade imensa dentro de mim. Mas também, tinha os meus momentos de fogos de artifício. 
Me prendia ao que achava que era certo, teoricamente dizendo, era um desiquilíbrio de palavras humanas misturadas com a minha espiritualidade.
Achava que o mundo todo era assim, que nós formávamos as formas, para depois ir moldando aos poucos. Mas como fazer um vaso, sem ter o conhecimento de um oleiro
Sabia que o Universo tinha seus mistérios, mas como já pensava tanto, tinha certo receio de me perder entre os meus pensamentos e as minhas perguntas sem respostas. 
Era uma vez a luz brilhando em minha vida. Uma vida expondo a minha, de uma forma simples, mas neste caminho, se torna complexa. 
E então, tinha um mantra para me ajudar nisso. Acreditava que aquelas palavras eram mágicas SIM.
Da minha conformidade kármica, nasceu meu espírito budista. 
A minha prática desde então se tornou mais forte. As pessoas que estavam comigo naquela época, diziam que eu era cheia de fortes simpatias, outras diziam que eu era uma bruxa. 
Mas esta minha magia veio de dentro do coração e foi nascendo e corrompendo todas aquelas perguntas do passado. 
Foi se tornando visível, nítido! Refrescando a minha mente com sabedoria e com determinação. 
Pensei então, que eu era feliz! Mas errei. A felicidade se esconde em nossas tristezas. Para sermos felizes de verdade, temos que saber que qualquer tipo de sofrimento que possa surgir em nossa vida, é uma forma de vencer aquilo, e fazer com que este sofrimento se torne uma plena felicidade.
Não podemos nos prender á alegria, porque ela é traiçoeira. E também não podemos nos prender mais ainda apenas, á aquela alegria mundana, de condição econômica, de boa saúde, de tranquilidade. Temos que ter uma ambição espiritual de sempre querermos mais. 
Nam myo ho renge kyo é o mantra que nos ajuda á ter forças (místicas) para enfrentarmos tudo isso. 
É rasgar o véu dos mistérios da vida, e dar significado á cada gota do mar. 
Sabendo então que o caminho da felicidade infinita, está em deixar de lado certos pensamentos ou ações que nós seres humanos temos o hábito de ter. 
Temos que ser e não ser, em um sentido simples de ter, aquilo que nos faz bem. 
Sabemos daí, que recitando Nam Myo Ho Renge Kyo, temos a possibilidade de deixar nosso comodismo e conformidade kármica de lado, e encontrar prazer em muda-lo. 
Com o tempo adquiri a incrível forma de ajudar as pessoas através de uma maneira simples. Não podemos procurar soluções para certos sofrimentos, através de experiências passadas. Porque não sabemos o que fomos na vida passada. Nós budistas, apenas sabemos que nada é por acaso, e que se alguma tempestade venha á cair, estaremos fortes na fé da Lei Mistica para a visualização desta soluçã.
É como transformar o veneno em um remédio. Muitas vezes temos o desafio de viver anos e anos com o mesmo sofrimento, mas procure aprender com aquilo. Nada é pra sempre, um dia tudo é neutralizado. 
Estamos nesta terra de Bodhisatva para vivermos em harmonia. Não precisamos morrer para sermos felizes, não precisamos esperar santos ou entidades para nos trazer um benefício em nossas vidas. 
Ser budista, é ter a consciência de que o poder esta em nossas mãos. De que toda a paz está guardada em um saquinho que podemos abri-la e degusta-la todos os dias. 
Alguns amigos me perguntam sobre Deus. E este Deus não esta exteriormente esperando que você seja feliz. Ele vive dentro de você, e espera que suas atitudes sejam aprimoradas, e que sejam também agregadas a sabedoria que só um filho do Sutras de Lótus sabe como é. 
De um tempo pra cá, tenho recebido algo maravilhoso, no qual considero a neutralização de pensamentos e ações. 
Qualquer tipo de pensamento que eu tenha sobre algum tipo de obstáculo, é encantado com muita sabedoria. Qualquer barreira que eu encontre e pense em desistir, sou guiada por forças superiores que me mostram através daquilo que as pessoas chamam de (coincidência).
Como pode então ser uma coincidência, quando acontece simultaneamente aquilo que estou á semanas, meses ou anos pedindo que se realize? Será a força do meu pensamento? Não, isso se chama força vital. A força que temos dentro de nós, que nos faz realizar qualquer tipo de desejo. 
Mas temos que lembrar também, que estes desejos podem nos levar á um desiquilíbrio.
Nossas riquezas esta através dos nossos esforços, e nossos esforços não são apenas estudo, um bom trabalho e um crescimento profissional. Este esforço esta ligado á como você vê suas vitórias. É sentir cada uma delas com um gosto de prazer infinito. Por saber que estamos no caminho certo. 
Estamos porém, em um tempo de muito sofrimento, afinal ainda existem pessoas que acreditam e são ligadas á filosofias egoístas e mesquinhas. 
Queremos e vamos conseguir, mesmo se não for agora, que um dia o Kosen Rufu (Paz Mundial) se torne verdadeiro em todo mundo. 
Que as pessoas sorriam com vontade de viver o dia de amanhã,convicto de que o rugido de um leão pode sere mais forte do qualquer medo futuro.


NÃO DESISTAM NUNCA, RECITEM E TENHAM DENTRO DE SEUS CORAÇÕES O DOCE SOM DE NAM MYO HO RENGE KYO. 


Vicktoria Veronezzi 


segunda-feira

Aquilo que mudou!

Difícil seria analisar a linha da minha vida, e não perceber as maiores mudanças que obtive com a minha transição.
Quando resolvemos "mudar", termo usado para reflexão e compreensão do meu eu interior, resolvemos procurar as medidas mais faceis, que brevemente torna-se uma das mais complicadas em nossas vidas.
E difícil compreender a vida, se não vivemos ela da maneira mais apropriada, mais precisa.
Quando tinha meu aspecto masculino, obviamente, as coisas eram mais faceis, porém sempre complicado. Não escondia os meus medos, que naquele tempo eram maiores, não escondia a minha esperança também, era um pequeno leão procurando gritar neste grande crescimento que a vida me trouxe.
Tive vários exemplos bons e ruins, conheci as duas oportunidades da vida. A de lutar sendo eu, e a de lutar sendo aquilo que a sociedade impôs como "certo".
Depois da minha transição MtF, muitas coisas realmente mudaram. Tanto no aspecto positivo (espiritual) quanto no aspecto negativo (sociedade).
Hoje sou feliz por ter e representar aquilo que sou, e não esconder o meu género, de fazer parte do mundo da maneira que sempre quis assumir desde pequena.
Para os meus familiares, digo alguns, ainda é o novo em processo de habitualizaçao. E' o novo entrando nesta geração familiar, por isso dou ênfase nas minhas melhores capacidades de mostrar a todos eles, que o meu género, é algo tão normal quanto o deles.
Lutar sozinha é triste, mas hoje em dia, não lutamos nunca sozinhas.
Vim de uma geração já modernizada e que já estava acordando para a realidade mais humana que o mundo pode ter.
Nasci em 1990 e isso foi muito significativo pra mim. Tive o apoio dos meus pais e no começo respeito de todos os membros da minha família. Mas isso não me bastava.
Sabia que a minha luta, não era uma luta igual para eles. Minha mãe sempre me dizia que a minha luta seria muito individual, e realmente foi.
Consegui progredir todos estes anos de uma maneira formidável.
Conheci estradas na vida que não me pertenciam, não faziam parte deste carma que luto todos os dias para estar equilibrado.
Procurei todas as formas de felicidade, e um dia eu encontrei.
Não sei se fiquei mais louca, ou se meus pensamentos começaram a serem mais organizados em todos os modos. As minhas reivindicações foram sempre extremas, e as minhas verdades ditas foram sempre muito pensadas e analisadas antes de serem proferidas.
Tenho prazer imenso de ter mergulhado no mundo da literatura, e de ter conhecido através das fantasias e realidades literárias personagens que me faziam sentir um estado de paz imenso.
Comparando a minha adolescência no aspecto "masculino", acho que o preconceito era muito maior, em relação a passeios, e estar entre as pessoas. Porque era aquele tipo de menino "efeminado", o sentido mais debochante para a sociedade em si.
Agora, na minha transição plena como mulher, sinto que minha alma começa a florescer cada vez mais. Mas ainda pede muito cuidado em todos os meus passos.
Quando nascemos mulheres em um corpo diferente, começamos uma guerra sem fim.
Depois que nos tornamos mulheres, ou seja, transportamos a nossa alma para o nosso físico, temos varias outras batalhas a serem conquistadas, a guerra não acaba ali.
Uma satisfação imensa, obviamente, cobre todos os poros que temos, todas as partes do nosso corpo e para muitas (assim como eu) torna-se uma força maior para uma visibilidade.
Porque sabemos quem somos, sabemos de onde viemos, e sabemos onde nos queremos chegar.
A vida é um preludio todos os dias, e a coragem e a esperança fazem parte de nossas vidas, dia após dia.
Não digo isso, individualizando nos brasileiras. a nossa luta é mundial.
Assim como estamos lutando aqui, existem muitas outras lutando por todo o mundo.

Vicktoria Veronezzi.

domingo

Nao importa.

Nao importa se os ventos soprem nas direçoes contrarias, e o que os andares da vida, desmonte um dia. Porque sei, que posso construir uma piramide amanha.
Nao importa que os passaros cantem pouco ou muito, porque sei que um dia haverà um coral para ouvir. Nao importa o movimento da terra, porque o acompanhamento deste giro, é racional e nitido.
Nao importa que as relaçoes das pessoas terminem, porque um dia tudo começa uma outra vez.
Nao importa que todos os dias temos que trabalhar, as vezes cansada, com preguiça ou entao sem vontate, porque sei que o fundamento de tudo isso, traz apenas beneficios para meu futuro.
Nao importa que os planetas mudem, se encostem, e até um dia desapereçam, porque ainda ha milhares de estrelas que nao foram descobertas.
Nao importa que o tempo seja frio ou quente, porque todos os dias, aprendi a manter o coraçao quente.
Nao importa que um dia ouça uma mentira e chore, porque sei que a verdade esta sempre escondida no outro lado da moeda.
Ou entao, nao importa que as pessoas sejam ruins, afinal no fim de tudo, todos nòs seremos julgados, e quero encontrar todas aquelas que tentaram e ainda tentam viver da minha felicidade.
O que me importa é o café da manha as sete, é o sol e nao ter sol em dia de chuva, é o fenomeno da natureza trazendo as adoraçoes para a existencia humana.
Nao importa entao, os calafrios nos pesadelos, o sorriso sincero, os pés descalços na areia do mar. Porque sei que o alcance da paz, nao esta nisso.
O que deve importar de verdade, sao as magnificas atitudes que mudam todos os dias para algo melhor, uma mutaçao pràtica de energia e capacidades de reconhecer o que é certo e o que é errado.
E talvez um dia, descobrimos que o que era errado hoje é certo, e o que era certo é ainda mais satisfatorio.
Nao importa o ato, o que é importa é conjunçao do ato e do fato.
Entao, nao importa o que escrevo, importa mais aquilo que sinto.

sexta-feira

Andei pensando.

Eu nao sou Vicktoria, e isso que foi o impacto maior da minha vida. Vicktoria è apenas um nome, e eu nao sou um nome. Eu nao tenho qualidades e defeitos fixos para vida inteira ainda. Sao coisas que ainda devem ser elaboradas, assim como foram criadas. Descubro que eu sou um ponto de luz, e todas as luzes podem se apagar, isso, apenas com um movimento. E è este movimento que nao quero ter. Eu quero que essa luz dure, e para durar, devo descobrir aquilo que è fundamental e mais incrivel. Antes me perguntava muito "porque" para tudo, e essa minha elaboraçao para descobrir quem eu sou mudou, ou seja, significa uma evoluçao, e è exatamente isso a razao de nossas vidas.
Nao quero descobrir vidas passadas, porque as mesmas, se mostram presente em minha vida neste exato momento. Eu nao fui, sou e serei, eu sou e ponto.
Acho muito dificil esta questao, acho que é uma das perguntas mais individuias e mais "gostosas" de serem descobertas.
Por exemplo, antes achava que o verde com o azul, eram duas cores que nao combinavam, e hoje ja penso diferente. Acho que o cachorro nao podia falar, e descobri que eles falam, mas nao sò com seus latidos, e nunca pensei que eles falavam usando palavras obviamente, nunca fui tao perdida assim. Mas sei que eles falam, e falam comigo, assim como todos os outros seres da natureza, todos os elementos, até mesmo o azul do céu.
E este brilho que falo, é talmente importante, que parecem que os meus pès criam raizes com a terra. Porque é isso o que quero, criar as minhas raizes. Mas nao no sentido, de ficar parada, mas sim, uma raiz que se espalha para dentro de todos os conhecimentos que posso ter de eu mesma.
Descobrindo algumas coisas de mim, fui capaz de dar alguns focos. Pode ser que daqui alguns anos, essess focos nao tenham sidos os mais importantes, mas eram para eles estarem ali, na minha direçao, na minha historia.
Eu, sendo um ponto, e o ponto seguindo as orientaçoes dos meus raciocinios, torna-se um ponto de interrogaçao. E è exatamente este ponto de interrogaçao, que me faz andar cada vez mais adiante, parece que quando desvendo uma resposta para cada pergunta, este ponto de interrogaçao, torna-se exclamaçao. E assim, acendendo mais ainda o meu ponto de luz.
O que é mais incrivel em tudo isso, é tocar a memoria com todos os dedos e depois colocar na boca. Experimentem, è magico.
Com isso, descobri, o porque, da minha perda de romantismo. Porque ainda nem sei quem sou eu, como posso me juntar com um outro? Como posso ser eu-inteira para essa pessoa. Por isso que pra mim o amor é assim simples de ser resolvido, tanto que nao me interessa muito.
Acho que aprendi a amar de uma vez sò essa filosofia de descobertas. Parece que as maos estao coçando e a cabeça girando. Parece que o mundo esta parado, e gira apenas quando, eu quero!
Mesmo achando que este giro do mundo seja lento, na minha cabeça eu sei que gira, e por isso preciso girar no mesmo sentido, nos mesmos segundos e nos mesmos dias.
Tenho que aceitar que a lua è a responsavel dos meus pensamentos mais temidos e que o sol, mesmo que nao o veja sempre no inverno, brilha dentro de mim,
E' absoluto a razao que o Universo me deu diante desses fatos, mesmo que eu me sinta traumatizada com certos pensamentos, eu sei que isso pode me fazer bem.
Sò que pensar nao é para todos, alguns sao fracos, e desistem, mas desistem de uma forma eterna. Para pensar deve haver muita cautela, deve pensar devagar, mesmo quando os pensamentos se tornam abundantes.
Li esses dias que tem pessoas que nao gostam de pensar. E eu queria ser uma delas por alguns instantes. Mas quando me vi, logo desisti dessa ideia "pafanica", e retornei aos meus pensamentos.
Acho que temos que encontrar uma questao de equilibrio e realizaçao, onde tudo se encaixa com voce, e voce com o tudo.
Existem palavras que dei outros sentidos. Palavras que no dicionario é uma coisa, mas pra mim é outra. E essa mudança de significado é apenas uma manifestaçao do meu eu. Incrivel nao é?
As vezes penso que sou duas em uma, mas com tantos erros, prefeiro ser uma sò.
Ah, e è isso, estou pensando agora!

Homem de mascara azul


Homem de mascara azul

Ele era tão rápido em suas palavras que acabava sempre me deixando com restos de ideias. Trabalhava com os olhos, era o seu dom. Havia os dedos longos para tocar o fundo dos meus prazeres. Não tinha muitas ideias complementares. O meu discurso era sempre fechado.
Fazia de tudo para reconhecer os meus valores, mas colocava os seus como prioridades. Queria ser um espelho, sem rachadura, sempre limpo, sem nenhum arranhão. Eu descobri que ele era azul.
Usava sua mascara na maior parte do tempo que passávamos juntos. Seduzia o meu corpo com o seu. Sua energia era preliminar. O seu tato era tão atraente que os meus lábios deslizavam por todas as suas partes e regiões corporais.
Quando me deixava sem palavras era porque estava cansada. Ou talvez porque ele já teria usada a tatica de usar um discurso fechado. Essa coisa de discurso nunca me incomodou. Eu gosto de falar e colocar em parênteses aquilo o que me interessa, gosto também de dar foco a certo assunto. Mas, com ele, não tinha como.
Um dia começamos a falar da politica italiana e suas problematicas. Ele, muito sábio, começou a entrar na historia, eu ao invés, investi na geografia e nas dimensões do pais, e ele continuou na historia. Não havia vínculos para os nossos discursos.
O homem de mascara azul se esconde porque tem medo de descobrir que a mulher pode ser mais inteligente que ele. Mas a inteligencia é algo que não se compara, cada uma tem a sua. Como Dante teve a sua, Sócrates teve uma outra. Acho que nem "inteligencia" seria a palavra justa. Uso inteligencia, para entrar na conclusão do que o homem de mascara azul pensa.
Ele, por ser tao "inteligente", esconde suas maiores qualidades nisso. Uma mulher, no qual esta junto a ele, que pensa ou tem ideias mais claras, pode ser uma ameaça. Imagine em uma reunião de família, se entramos em um dialogo claro e sua mulher fala mais do que ele. Seria um absurdo!
Um dia fomos passar o Natal na casa de seus pais, não me recordo o ano. Porque coisas que não foram tão emocionantes, eu prefiro nem lembrar a data.
Neste dia, sua mãe estava completamente surpreendida com a minha presença, não sabia o que fazer para que eu me sentisse bem.
Eu, muito nervosa, sentei na mesa junto a eles e não abri a boca. Eu sou tímida, aliás, muito tímida com desconhecidos. Estava tentando mover as pernas da maneira que devia ser, e não apoiar os braços na mesa, meu maior defeito!
Ele começou a lembrar do Natal dos seus sonhos, talvez até uma fantasia. Porque dizia: "Lembra mãe, aquele Natal que fomos todos para a Suíça, e você me disse que o Papai Noel estava nas montanhas?". Digo fantasia, porque os pais não recordavam de nada disso.
O pai uma pessoa fechada, olhava os pratos, e tenho certeza que não via a hora de comer e depois da meia noite dormir. A mãe, andava de um lado para o outro, respondia as vezes: "Sim, eu me lembro". E eu, girando os olhos para a mãe que preparava a mesa, o pai que olhava o pernil e passava o dedo na borda do bolo, e ele que estava fumando cigarro na janela, com um pose de gala de novelas, falando mais do que devia.
A mascara azul dos homens é como o Oceano mudo, quando não há tempestades. Quando é mudo, è porque esta pensando, quando há tempestades é porque quer agradar quem esta perto ou então, falar de coisas que não tem nenhum sentido.
Não sou feminista, e não estou criticando os homens em si. Estou falando apenas da mascara azul que ele usa quase todas as vezes. Posso?
Sim, nós não estamos mais juntos. E isso não significa que sou uma mulher arrependida pelo término de nossa relacionamento, diferentemente, eu sou muito contente pelo inicio e pelo fim.
Eu gosto dos homens! Eles me trazem emoções e vida. Completa um pouco mais aquilo que ja esta bem. Apaixonar-se, talvez seja uma coisa um pouco difícil na minha situação. Eu não sou problematica, é porque tenho a complicada mania de analisar. Não é que comparo um homem com o outro. Não são todos iguais. Cada um usa uma cor, uma mascara para esconder a sua masculinidade, os seus defeitos de homem.
Assim como eles tem seus defeitos, nós também temos.
O azul me chama atenção pela sua pureza, pela sua igualdade com as outras cores, com a sua imensidão de valores e significados. A mascara é algo teatral, mas também pode ter diversos significados.
Não será neste breve texto que irei revelar o meu significado para a mascara, porque ainda não estou preparada. Mas, tenho certeza que antes ou depois, irei explodir de emoções, digitando todos os detalhes desta grande descoberta do mundo dos homens.
No entanto, eu não gosto de homem de mascara azul, por isso decidi, conhecer as outras cores.

De uma garota que conhece os homens.

segunda-feira

Antes de mais nada-


Antes de mais nada. 

Antes de mais nada, eu fecho os olhos e me arrependo. De palavras, que não deviam serem ditas, ou maldiçoes mal feitas. De procuras insensíveis, e desmoralizações inconsequentes.
De viver o tempo pela metade, de transcorrer a vida de maneira errada. Dos sonhos vazios e da complexidade dos pensamentos.
Antes de mais nada, abro os olhos para os caminhos desconhecidos, o novo, das novidades... Das surpresas. Das dimensões inalcançáveis, da sobrevivência humana.
Como a vida em duas partes, aproveitando cada sabor e fazendo de seu odor o meu sangue. Sim, o sangue. O meu tem muito sabor, é quente e não tanto liquido. Bate e rebate todas as horas dentro do corpo, fazendo de todas as minhas células, movimentos contemporâneos e mágicos.
Quando abri os olhos, o escuro já não estava mais ali, porque deixei a luz entrar com tanta satisfação, que não tive muito tempo para lembrar da escuridão. Deixei um deserto de areias amarelas secas e pedras grossas, para o mar. A água entrou em disparada por todos os cantos, até aqueles que eu ainda não conhecia. Machuca às vezes, mas faz bem!
Preces inúteis, rezas sem obstinações, no qual não impus os meus verdadeiros desejos.
Antes de mais nada, eu quero ser eu, e interromper o uso de mascaras carnavalescas. Introduzir o puro no verdadeiro. Porque não há algo mais sensível que a pura verdade.
Antes de mais nada, as minhas puras verdades eram obsoletas e isoladas. Não pertenciam ao caminho que vejo agora. Elas transformaram-se em pontas fundamentais para as minhas vitórias, para a minha evolução humanística.
De vez em nunca, deixo escorrer o sal dos olhos, porque me disseram que ainda faz bem. Faz bem quando o sal é puro, quando a dor dos olhos cansados chegam em exatidão. Porque quem não chora, não sorri.
Das rugas no rosto, o arco íris da vida. O que se transforma também pode cair, por isso que sou sempre atenta com o alinhamento das minhas asas e com o firmamento dos meus pés na terra.
Antes de mais nada, quero dizer sim, para ecc que disse não. Mas um não, sempre faz bem, mesmo sabendo que o sim é mais... intenso!
Nada é exaustão, quando precisamos de nòs mesmos. Quando sentamos como abelhas, e beijamos nossos pés em forma de agradecimento. Quando abrimos uma lei mística, uma grande revolução começa nas mais intocáveis particulas da nossa existência.
Antes de mais nada, eu canto o hino da igualdade e da felicidade serena. Mesmo não sendo tão serena assim, porque a serenidade é muito pouca para a felicidade que tomo em minhas mãos.
Antes de terminar este texto, quero dizer que viver, é simplesmente uma selva!

Victoria Veronezzi

quarta-feira

O pingo e eu


O pingo e eu

Das solidões diárias, eu entendo! E confesso que gosto assim, do meu silencio guardado com o tempo, dos meus espaços absolutos e das imaginações entrelaçadas e sobre naturais.
Da minha parte, eu não escondo nada. Também não fujo, porque fugir me traz uma vergonha imensa. Eu não escapo daquilo que eu tenho, eu dou um equilíbrio para aquilo que è meu.
Sempre quieta e no silencio natural da casa, eu sempre descanso o físico, deixando a mente trabalhar e voar por todos os redores. As vezes acompanho os passos, de um certo pingo, que começou poucos dias aqui.
Eu sempre sozinha, sem barulhos e no repouso silencioso cotidiano, fui disturbada por alguns segundos pelo pingo da torneira. "Pingo" por que eu o quis chamar assim. Verdade! Eu invento nomes para as minhas companhias, e isso me traz tanta satisfação, que me sinto alegre.
Pois então, o pingo, que restou por alguns dias aqui em casa, vinha sempre depois da janta. No primeiro dia, eu percebi e fechei muito bem a torneira, mas ele, por sorte, e as vezes para disturbar o meu silencio, sempre tornava.
Um novo som dentro de casa era uma coisa nova, e tudo que era fora do comum, eu fazia de tudo para evitar. Por que quando você repousa, você não quer o novo, você quer sempre as mesmas coisas, aquilo que você já conhece.
No segundo dia eu comecei me acostumar, porque ele entrava nos meus ouvidos tão delicadamente que me ajudava a pensar, talvez ele tenha entendido aquilo que tentava saber, mas ainda não sei.
Foi ai que o pingo ficou aqui em casa me fazendo companhia. Todos os dias, durante a janta, eu comia com uma vontade de ouvir o pingo. Lavava os pratos, escovava os dentes e corria para cama, me colocava debaixo das cobertas e era contar até três para ouvir o pingo chegar. Era divertido.
Só que então o pingo começou a frequentar mais a minha solidão, visitando o silencio durante as manhas, quando voltava do trabalho, e como sempre depois da janta. Eu adorava, todas as horas com o pingo eram divertidas.
Sai para comprar biscoitos um dia, e encontrei uma senhora falando de um hidráulico otimo na cidade. Um assassino eu pensei. Eu não queria que nenhum assassino entrasse na minha pequena casa e mata-se o pingo. Porque era de tanta importância para mim.
E então eu viciei. Entrava em casa e trancava bem as portas. Mas acho que o pingo não falava com os vizinhos, ele era muito reservado, e as vezes silencioso. Quando parava, eu saltava de uma horrorizaçao, achando que teria que fazer o funeral do medo de estar sem ninguém.
Ah sim, falei que viciei. Viciei em lavar pratos para ter o pingo por inteiro. Comia e ouvia o pingo, assistia as minhas novelas e sentia o pingo, pegava as cartas na caixinha e sentia o pingo assim meio silencioso.
Foi quando o pingo começou a ficar mais abusado, e falava por demais, as vezes falava mais do que eu.
Bateram na minha porta. Era o José, um velho amigo do trabalho. Convidei para entrar, mas antes guardei o pingo com uma expressão de cautela, quase pedindo para não falar, como namorado escondido no guarda-roupa, sabe?
O José entrou e sentou-se na cadeira próxima a janela acendendo o seu cigarro. Eu, fiz um café, mas não abri a torneira. Quando o pingo me viu, caiu na gargalhada, o pingo pingava de tanto rir da minha cara, afinal ele sabia que eu adorava lavar os pratos e xícaras, mesmo quando já eram lavados.
Tive um receio que tocasse o pingo e comecei a bater os pés. José me olhou com uma cara de assustado que achou que eu era meio doida. Eu disse que havia entrado em uma escola de sapateados, disse também que fazia muito bem a saúde, e ele quis ver mais.
Na verdade, o pingo não queria pingar, ele só ria, porque eu entendia o pingo, e ele me entendia. José o sentiu, coração pulou. Olhei com uma expressão de assustada, e o pingo ao invés de disfarçar, tão descarado ria mais ainda.
José me disse que minha torneira estava com um problema sério, tirou da bolsa umas ferramentas - armas atómicas - e começou a fuçar o pingo.
Meus olhos encheram-se de lágrimas, como criança que vê um passarinho morto. Eu preferi correr para o meu quarto e não escutar a dor do pingo. Coloquei os dois ouvidos debaixo do travesseiro e não quis sair dali.
Depois de alguns instantes, o velório. Ou ele roubou o pingo, ou realmente o matou. Ouvi passos. José abriu a porta do meu quarto, e além de tudo começou a me dizer palavras que não são tão fáceis de ouvir, disse que eu era louca, que era melhor ele ir.
Eu sem o pingo, tornando para a minha solidão, e ainda louca?
O que será de mim sem o pingo? Acho que encontro outro por ai.