sexta-feira

Homem de mascara azul


Homem de mascara azul

Ele era tão rápido em suas palavras que acabava sempre me deixando com restos de ideias. Trabalhava com os olhos, era o seu dom. Havia os dedos longos para tocar o fundo dos meus prazeres. Não tinha muitas ideias complementares. O meu discurso era sempre fechado.
Fazia de tudo para reconhecer os meus valores, mas colocava os seus como prioridades. Queria ser um espelho, sem rachadura, sempre limpo, sem nenhum arranhão. Eu descobri que ele era azul.
Usava sua mascara na maior parte do tempo que passávamos juntos. Seduzia o meu corpo com o seu. Sua energia era preliminar. O seu tato era tão atraente que os meus lábios deslizavam por todas as suas partes e regiões corporais.
Quando me deixava sem palavras era porque estava cansada. Ou talvez porque ele já teria usada a tatica de usar um discurso fechado. Essa coisa de discurso nunca me incomodou. Eu gosto de falar e colocar em parênteses aquilo o que me interessa, gosto também de dar foco a certo assunto. Mas, com ele, não tinha como.
Um dia começamos a falar da politica italiana e suas problematicas. Ele, muito sábio, começou a entrar na historia, eu ao invés, investi na geografia e nas dimensões do pais, e ele continuou na historia. Não havia vínculos para os nossos discursos.
O homem de mascara azul se esconde porque tem medo de descobrir que a mulher pode ser mais inteligente que ele. Mas a inteligencia é algo que não se compara, cada uma tem a sua. Como Dante teve a sua, Sócrates teve uma outra. Acho que nem "inteligencia" seria a palavra justa. Uso inteligencia, para entrar na conclusão do que o homem de mascara azul pensa.
Ele, por ser tao "inteligente", esconde suas maiores qualidades nisso. Uma mulher, no qual esta junto a ele, que pensa ou tem ideias mais claras, pode ser uma ameaça. Imagine em uma reunião de família, se entramos em um dialogo claro e sua mulher fala mais do que ele. Seria um absurdo!
Um dia fomos passar o Natal na casa de seus pais, não me recordo o ano. Porque coisas que não foram tão emocionantes, eu prefiro nem lembrar a data.
Neste dia, sua mãe estava completamente surpreendida com a minha presença, não sabia o que fazer para que eu me sentisse bem.
Eu, muito nervosa, sentei na mesa junto a eles e não abri a boca. Eu sou tímida, aliás, muito tímida com desconhecidos. Estava tentando mover as pernas da maneira que devia ser, e não apoiar os braços na mesa, meu maior defeito!
Ele começou a lembrar do Natal dos seus sonhos, talvez até uma fantasia. Porque dizia: "Lembra mãe, aquele Natal que fomos todos para a Suíça, e você me disse que o Papai Noel estava nas montanhas?". Digo fantasia, porque os pais não recordavam de nada disso.
O pai uma pessoa fechada, olhava os pratos, e tenho certeza que não via a hora de comer e depois da meia noite dormir. A mãe, andava de um lado para o outro, respondia as vezes: "Sim, eu me lembro". E eu, girando os olhos para a mãe que preparava a mesa, o pai que olhava o pernil e passava o dedo na borda do bolo, e ele que estava fumando cigarro na janela, com um pose de gala de novelas, falando mais do que devia.
A mascara azul dos homens é como o Oceano mudo, quando não há tempestades. Quando é mudo, è porque esta pensando, quando há tempestades é porque quer agradar quem esta perto ou então, falar de coisas que não tem nenhum sentido.
Não sou feminista, e não estou criticando os homens em si. Estou falando apenas da mascara azul que ele usa quase todas as vezes. Posso?
Sim, nós não estamos mais juntos. E isso não significa que sou uma mulher arrependida pelo término de nossa relacionamento, diferentemente, eu sou muito contente pelo inicio e pelo fim.
Eu gosto dos homens! Eles me trazem emoções e vida. Completa um pouco mais aquilo que ja esta bem. Apaixonar-se, talvez seja uma coisa um pouco difícil na minha situação. Eu não sou problematica, é porque tenho a complicada mania de analisar. Não é que comparo um homem com o outro. Não são todos iguais. Cada um usa uma cor, uma mascara para esconder a sua masculinidade, os seus defeitos de homem.
Assim como eles tem seus defeitos, nós também temos.
O azul me chama atenção pela sua pureza, pela sua igualdade com as outras cores, com a sua imensidão de valores e significados. A mascara é algo teatral, mas também pode ter diversos significados.
Não será neste breve texto que irei revelar o meu significado para a mascara, porque ainda não estou preparada. Mas, tenho certeza que antes ou depois, irei explodir de emoções, digitando todos os detalhes desta grande descoberta do mundo dos homens.
No entanto, eu não gosto de homem de mascara azul, por isso decidi, conhecer as outras cores.

De uma garota que conhece os homens.

segunda-feira

Antes de mais nada-


Antes de mais nada. 

Antes de mais nada, eu fecho os olhos e me arrependo. De palavras, que não deviam serem ditas, ou maldiçoes mal feitas. De procuras insensíveis, e desmoralizações inconsequentes.
De viver o tempo pela metade, de transcorrer a vida de maneira errada. Dos sonhos vazios e da complexidade dos pensamentos.
Antes de mais nada, abro os olhos para os caminhos desconhecidos, o novo, das novidades... Das surpresas. Das dimensões inalcançáveis, da sobrevivência humana.
Como a vida em duas partes, aproveitando cada sabor e fazendo de seu odor o meu sangue. Sim, o sangue. O meu tem muito sabor, é quente e não tanto liquido. Bate e rebate todas as horas dentro do corpo, fazendo de todas as minhas células, movimentos contemporâneos e mágicos.
Quando abri os olhos, o escuro já não estava mais ali, porque deixei a luz entrar com tanta satisfação, que não tive muito tempo para lembrar da escuridão. Deixei um deserto de areias amarelas secas e pedras grossas, para o mar. A água entrou em disparada por todos os cantos, até aqueles que eu ainda não conhecia. Machuca às vezes, mas faz bem!
Preces inúteis, rezas sem obstinações, no qual não impus os meus verdadeiros desejos.
Antes de mais nada, eu quero ser eu, e interromper o uso de mascaras carnavalescas. Introduzir o puro no verdadeiro. Porque não há algo mais sensível que a pura verdade.
Antes de mais nada, as minhas puras verdades eram obsoletas e isoladas. Não pertenciam ao caminho que vejo agora. Elas transformaram-se em pontas fundamentais para as minhas vitórias, para a minha evolução humanística.
De vez em nunca, deixo escorrer o sal dos olhos, porque me disseram que ainda faz bem. Faz bem quando o sal é puro, quando a dor dos olhos cansados chegam em exatidão. Porque quem não chora, não sorri.
Das rugas no rosto, o arco íris da vida. O que se transforma também pode cair, por isso que sou sempre atenta com o alinhamento das minhas asas e com o firmamento dos meus pés na terra.
Antes de mais nada, quero dizer sim, para ecc que disse não. Mas um não, sempre faz bem, mesmo sabendo que o sim é mais... intenso!
Nada é exaustão, quando precisamos de nòs mesmos. Quando sentamos como abelhas, e beijamos nossos pés em forma de agradecimento. Quando abrimos uma lei mística, uma grande revolução começa nas mais intocáveis particulas da nossa existência.
Antes de mais nada, eu canto o hino da igualdade e da felicidade serena. Mesmo não sendo tão serena assim, porque a serenidade é muito pouca para a felicidade que tomo em minhas mãos.
Antes de terminar este texto, quero dizer que viver, é simplesmente uma selva!

Victoria Veronezzi